quarta-feira, 14 de junho de 2017

EMIGRANTE



 J. Eliseu
EMIGRANTE

Regressado a casa
depois de vinte anos ausente
há um vazio,
um não conhecer-se
a geografia do espaço
nem o significado do abraço
do parente que o recebeu.
No quintal, as árvores de fruto
cresceram selvaticamente,
a terra emudeceu.
O copo de vinho tinto
caiu-lhe mal
De repente uma saudade do bistrot
onde passou anos a abrir ostras,
a picar ervas finas.
Esta claridade fere-o,
não é de lá, não é de cá.
Num momento vive
todas as estações do ano,
só quer pão de milho
em migas de coentros,
a mão da mãe levando-o
à mestra que lhe ensinou

as primeiras letras.

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