sábado, 31 de outubro de 2009

DIÁLOGO


CONSTÂNCIA NÉRY
in:http://aoredordotouro.blogspot.com/


DIÁLOGO

Ai poeta desgarrado
tantas vezes mal amado!
És antes sim do que não
quando na tua mão
vais escrevendo saudade!
Com máscaras
e artefactos
tocas as melodias
em violinos com teclados
e deixas nas melodias
beijos molhados
roubados às raparigas!
Cavas jardins com as mãos
e pões nos olhos de quem te lê
um anel de diamante!
Quem precisa de ti?
Quem quer fazer uma farra
com papagaios iluminados?
Quem quer responder aos teus versos
com outros ligados
com fitinhas de amizade, coloridas?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

APELO



VICTOR SILVA BARROS
in:victorsilvabarros.blogspot.com/


APELO
Apelo à pele dele
que não se esqueça da minha!
De distracção em distracção
às vezes foge-lhe a mão,
para afagar a vizinha!
Ai Luisinha
que pouca sorte a minha,
nem sei se chore se ria!
Um dia hei-de fugir pela janela
com a maleta azul cheia
de vidas para viver!
Longe daquele lugar,
penso que vou encontrar,
gargalhadas loucas
espalhando pelas sarjetas,
poemas de embalar!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

QUARTO CRESCENTE

MARIA ARCEU
in:http://pontesluso-galaicas.blogspot.com/



O quarto crescente é decente.
Assente.
Embora tente
escorregar do telhado
para desenhar no teu seio
com luar
uma noite de encantar!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O POEMA



MARIA DEL CARMEN CLVIÑO IGLÉSIAS
in:http://oleoetela.blogspot.com/


O POEMA

O poema tanto nasce de manhã
como à noite,
vestido de linho fino
ou de lã cardada!
Às vezes grita de raiva
outras dorme descansado!
Ora agita as folhas de todos os jardins
encantados,
ora recosta a cabeça nas romãs,
debruadas a jasmim
que um misterioso amante
colheu para mim!
É asa , é vento,
é desatino afogueado,
é estrela escrita
nos versos aflitos
que lavaram hoje a minha cara!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

ESCURO


SARAGARROTE (CHUCA)



ESCURO

Era lusco-fusco e eu amedrontada
numa madrugada de nevoeiro intenso
arrastava os socos e tentava ver
no emaranhado silencioso
daquele pinhal imenso!
Agarrava a saia da avô Olinda
que com ambas as mãos levava
o saco de milho graúdo
que havia de ser moído
na rua da pena!
O moinho arrastava-se devagarinho
e gemia de mansinho
à espera da farinha que tardava!
E eu só sonhava com o pão quentinho
que sairia do forno suado
barrado com uma fatia generosa
da outonal marmelada!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A POESIA

JOSÉ GONZÁLEZ COLLADO
in:http://josegonzalescollado.blogspot.com/


A POESIA

A poesia fala comigo
todo o dia!
Põe laços no meu cabelo
e com desvelo
pinta-me os lábios de encarnado!
Dá sentido à minha vida,
e abre todas as gavetas
quando escrevo o teu nome
no poema!
Perfuma com rosas o livro
adormecido
na estante
cheio de estrofes por dizer!
Dá comigo a descascar
a laranja doce
que agarra
a minha vontade de viver!

domingo, 25 de outubro de 2009

PERGUNTAS

GUSTAVO FERNANDES
in:http://universosxparalelos.blogspot.com/

PERGUNTAS

Matam a floresta
ai floresta
quem te mata?

Que mão é o executante
da morte
deste planeta?

Quem seca a água
da Terra
e a faz morrer de sede?

Que louco
envenena
a água do meu rio?

Quem conspurca
o ar
que eu respiro?

Quem ressuscita
a vida
e lava a sua
a alma?

sábado, 24 de outubro de 2009

SOU

GUSTAVO FERNANDES
in:http://universosxparalelos.blogspot.com/


SOU
Sou uma frase de poesia
a sombra naquela tela
o rasgo naquela janela
a virar o dia a dia!
Sou um fruto em desvario
um som de Vivaldi interrompido,
à espera daquele concerto
musical!
Uma maçã camoesa
plantada na tua mesa
a sobremesa
final!
Uma chaise long
para acolher o teu sono
e assim libertar os fantasmas
e poder voar!
Uma igual a tantas outras
embora com mãos loucas
que acalmam as nossas bocas,
em dias de tempestade!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

MEDO

CARLOS GODINHO
in:http://pontesluso-galaicas.blogspot.com/

Medo de te perder
na esquina esfomeada!
Medo do medo da noite
em solidões encontrada!
Medo de perdas vultosas
em levas de tempestades
ansiosas!
Medo de ter medo
e por medo
não pintar um quadro!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O FOGÃO

JOSÉ GONZÁLEZ COLLADO
in:http://josegonzalescollado.blogspot.com/
Tão negro e tão brilhante
podia ser diamante
quando cozinho poesia!
Do seu calor abrasador
sai o assado
de bácoro e castanha
que há-de alimentar o dia!
Coze no tacho de cobre
a aletria perfumada
bordada a leite e canela
e ainda dentro dela
amores desencontrados!
Trabalha de noite e de dia
sacia os nossos corpos
e amolece ansiedades,
com taças de vinho quente
e pão com nozes e menta!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

PINHEIRAL

MARIA DEL CARMEN CALVIÑO IGLESIAS
in:http://oleoetela.blogspot.com/


Ai pinheiros da minha infância
enfeitados de sonhos e romãs !
A brisa vinda do mar
entrava pela minha janela sorrateira,
sem pedir licença!
Na minha cama deitada,
num quarto irreal,
comia com ela pinhões aveludados em mel!
Um marinheiro gingão
empurrava um navio naufragado
e rodando com o timoneiro
bebiam rum e café!
E os meus sentidos adormecidos
numa rotina sem fé
dançavam com eles aos sons dos fados,
por não haver música rape,
ali ao pé!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O TANGO

JOSÉ GONZÁLEZ COLLADO
in:http://josegonzalescollado.blogspot.com/



O pé esticado
As mãos sofridas agarradas em desespero!
A música entoa
no bairro húmido ribeirinho
da cidade!
Os dançarinos entregam-se à dança molhada
que nasce de amores traídos
e marinheiros embarcados!
A mão quase descai em estalada
a raiva cresce e emudece a passarada!
O amante atraiçoado
que quer ali naquele fado
vingar-se da vida inteira
rodopia, rodopia!
De repente, aquela gente que dança,
ginga mais
puxada pelo acordeão magoado,
Paira no ar a nostalgia
de um amor acabado,
mas na paixão daquele tango
colam-se as duas bocas
entre palmas acalmadas!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A MINHA AMEIXIEIRA VELHINHA


GUSTAVO FERNANDES
in:
http://universosxparalelos.blogspot.com/



Estou presa à vida por um fio!
O meu tronco esburacado
já gastou o seu ciclo vivificador!
Estou um pouco taralhouca
e meia mouca!
Imaginem que este ano em Outubro
jurei que era Primavera
e dei por mim a florir!
A quem pedir que me guie
nesta estrada sem sinais!
Nunca sei se é Primavera ou Verão
se é para rir ou chorar!
Se me caem chuvas ácidas
ou outras muitas desgraças,
neste tronco descarnado!
Se morro ou se renasço
sendo tecto de abraços
dos amores da minha rua!

domingo, 18 de outubro de 2009

AS GAIVOTAS DO DOURO


MARIA XESUS DIAZ



Comem da água conspurcada
e adoecem sem saber!
São desleixados os homens
que só dão algumas sobras
quando não servem para nada!
Ao fim da tarde cansadas
vêm em bandos pousar
nas janelas das mansardas,
das velhas casas do Porto!
Piam pios aflitos
e dez dolorosos gritos
pedindo socorros roucos,
que acordem os poderes
deste país adiado!
Quem limpa o rio Douro magoado,
colar cinza da cidade?
Quem reabilita o casario
que chora abandonado?
Quem quer amar esta cidade
outrora suada
entrelaçada de braços
e hoje vazia?
Ai gaivotas ribeirinhas quem vos salva?
Quem nos Ama?
Quem nos oferece uma taça de rabanadas
molhadas em mel?

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

INVERNO

VICTOR SILVA BARROS


A chuva cai no telhado,
traz-me ao presente o passado
com danças naquela mansarda,
onde bocas sedentas bebiam
ao mesmo tempo que os pássaros
aquelas gotas divinas!
Os sons eram mais reais
faziam no silêncio um garrote,
pendurando nas varandas
chícaras de café Sical
e alguns bolinhos mais!
Não havia
dias em que não acontecia nada!
A água torrencial
nem sempre corria para o mar,
galga caminhos e montes,
enche algumas fontes
e vai adormecer na serra!
A chuva cai no telhado
e molha o meu coração!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O IMPORTADOR DE SONHOS

MARIA CALDAS
in:http://portocomsentido.blogspot.com/

Importa-os pela Internet
de Paris e da Escócia!
São tão leves
que lhe não fazem mossa!
Tem uma ficção
espalhá-los na cidade,
e enfiá-los nos dedos
dos que dormem nos bancos dos jardins
e nos vãos das escadas!
É, gaivotas não se riam
deste terno desvario
que enfeitaria a nossa cidade
tão abandonada!
Cidade que está a morrer,
num caos de sujidade,
e diga-se a verdade,
isso não importa nada!
As gentes escoam-se para outras margens
onde são melhores as miragens,
os negócios fogem para novos centros
onde outros espaventos
os fazem singrar!
O Bulhão é uma assombração
daquele mercado
onde os pregões
acordavam as manhãs enluaradas!
E perderam-se os croissants fresquinhos
embrulhados em manteiga
que sujavam os nossos beiços
em cada quinta feira!
Um centro histórico classificado
mirrado em casas enviuvadas
que caem aos pedaços
em todas as madrugadas!
Centro transformado nesses mercados
desvairados de roubo e droga!
Ai minha cidade moribunda
quem te acode
quem me acode,
da coisa tão má que à nossa volta
não deixa esperança às nossas mãos!
Ai sonhos que vem de fora,
entram na nossa casa
e numa última braçada,
beijam os pássaros das redondezas
para que ,de repente, acorde,
esta cidade acossada!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

NUVEM

NORONHA DA COSTA
in:http://galeriadartecontemporanea.blogspot.com/

Vejo uma nuvem no céu
a cobrir-te todo o dia,
ai minha bela donzela
quem quer saber dela
quando te pões à janela?
Quero é ver-te nua,
a posar para mim,
dizendo sim,
aos meus abraços suados!
É tão grande a tua formosura
que de noite se faz dia
quando adormecemos
de amor cansados!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

PENSAR A BRINCAR

SARA GARROTE (CHUCA)
in:http://envolvenciasgalegas.blogspot.com/


Pensa que és uma flor
e eu serei o colibri
para me perder em ti!
Pensa que és a cinderela
e eu o príncipe da história
para te acordar na hora
com beijos incendiários!
Pensa que és um bombeiro
e eu a fogueira
para podermos numa clareira
de bosques encantados
com danças e contradanças
olhar com mãos entrançadas
o rescaldo!
Pensa que és um pintor
e eu serei a tua tela
para endoideceres nela
e recriar a obra
que nos vai fazer sonhar!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

BRINQUEDOS


ODETE LOUREIRO
BRINQUEDOS
Em pequeninos dão-nos muitos;
a boneca,o piano de cordel,
a louça de faz de conta. o livro para colorir
e o telefone-trrim…trrim…
Acalmam os nossos medos
trazem destreza aos dedos
e fazem-nos também sonhar!
São as casas verdadeiras
onde cabem famílias inteiras,
uma lua que nos enternece
e aparece nos dias menos bons!
Foram esses brinquedos
que abriram estradas certas
embora incompletas
para podermos trilhar!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

BARCO RABELO


AVELINO ROCHA
BARCO RABELO
É um barco tão possante
onde ao leme vai um timoneiro
que passa sabores à vida
de mão dado com um vinho de terra distante!
Vem do Douro gritando
pelos lajedos de chistos
assentar no Porto
seu amante!
Serve para festejarmos
os marcos da nossa vida
erguer saúdes
molhar farras
com as nossa namoradas
sem deixar sabor amargo!
O barco transporta desejos
e também alguns dos beijos
que escapam das nossas bocas
em noites muito loucas
de amores assinalados
com um vintage açucarado!
E vai o barco aportar
nas margens do cais de Gaia
que fica sempre a chorar
antes de nova partida!

O TOURO


GABRIELUX

O Touro
É um bicho e até um Deus
no Nilo abençoado!
Ficou nos muros da História
e com alguma glória
acompanhou o homem
na sua triunfante caminhada!
É trompete que anuncia a festa,
sangue e bandarilhas
e ainda algumas meninas
que atiram flores aos forcados!
É um ai de aflição
com o toureiro no chão
ensanguentado,
rezando à Virgem Maria!
É o olé da plebe
que em dia de faena,
esquece as suas penas
atira chapéus ao ar,
e faz da arena um mar de risos
e palmas!
É o actor principal
quando num último estertor
depois da fatal estocada,
cai no chão em câmara lenta,
num rugido enraivecido
de quem não se dá por vencido
numa luta desigual!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O GATO

GALIA BLANCO
in:http://pontesluso-galaicas.blogspot.com/


O GATO
O gato não é um lagarto
mas parece
quando entra em letargia
à espera do jogo
de apanhar o rato!
Estica-se ,completamente,
e fica imóvel
à espera da dança da morte!
A vítima entra em desnorte,
é um revirote!
Deixa ,o gato no ar, a esperança
de o rato escapar,
lança as garras,
volta a apanhá-lo!
Dançam, rodopiam,
e no auge da sedução,
o gato só quer mesmo papá-lo!

CHUVA

FRANCISCO GARCIA REY
in:http://pontesluso-galaicas.blogspot.com/

CHUVA
Caiu tão repentinamente
que eu que não sou muito crente,
pensei que por mistério divino
só podia ser castigo!
Fiquei tão fria e ensopada
que só queria chegar a casa
noutros tempos, noutras eras
em que as avós estavam à espera
com bacias de água quente,
lençóis aquecidos à lareira
e muito café com mel!
Envolviam-nos com uma manta de burel
que abrandava todo o frio!
Davam-nos um beijo sentido
sem cobranças ou ralhetes,
e, adormecíamos encostadas aos seus seios!

MOMENTO

MARIA DEL CARMEN CALVIÑO IGLÉSIAS
in:
http://oleoetela.blogspot.com/

MOMENTO
O figo
Molhou-me os sentidos
quando o seu pingo de mel
me caiu nos lábios!
Devagarinho
outros lábios
o provaram com sofreguidão!
Pensei ,de repente,
que podia parar o tempo
na lareira desse dia!

DA MINHA JANELA

MARIA DEL CARMEN CALVIÑO IGLÉSIAS
in:http://oleoetela.blogspot.com/

Da MINHA JANELA

Da minha janela
empurrando a cortina
vejo a correr na calçada,
a vida!
Quero alcançá-la já,
a cortina a escurecer
e não consigo agarrá-la!
Caraças, que confusão
vou gritando à vida
em vão!
Quero vivê-la agora!
E a vida desvanece
no meio do nevoeiro
não ligando ao meu receio
de ficar sem luz do dia!
Tudo ensandeceu, de repente,
e eu grito com tal raiva:
hei-de seguir- te o dia inteiro
até onde for o viveiro
para poder ficar contigo!

SONHO

VICTOR SILVA BARROS
in:http://victorsilvabarros.blogspot.com/

SONHO

Por espaços siderais
abro, quem sabe, canais
através da via Láctea!
Cumprimento cada estrela
e penteio-lhe o cabelo
com todo o meu desvelo
e deixo-lhe laços de prenda!
Agarro a trovoada
e estrelo ovos no fogo
que de repente fica macio
e preso por um fio,
dá um estrondo abafado!
Converso com um cometa
e comemos marmelada
feita com muito carinho
por um qualquer menino,
desta Terra já cansada!
Lavo a cara na chuva
e choro com a desventura
dum planeta contaminado!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A VIDA MUSICAL

JOSÉ GONZÁLEZ COLLADO
in:http://josegonzalescollado.blogspot.com/

A VIDA MUSICAL

Acordava ao som de Mozart
com acordes celestiais!
Durante o dia
media a vida
em harpas de muitos ais!
O escritório era um piano
tocado por muitos dedos
pintados de trabalho e medos!
O transporte que a levava
era bombo a rebentar
todos empurravam a batuta
sem lugar para sentar!
O violino trinava sempre
no regresso a casa!
E de mansinho embalava-a o violoncelo
no banho de imersão
dominical!

O POETA É ALGUÉM


JOSÉ GONZÁLEZ COLLADO
O poeta é alguém
que vê para lá do dia
e da noite que se avizinha!
Que sacode o imperfeição dos rostos
e o comezinho do quotidiano
porque escreve poesia!
Retira nos seus versos os cardos
e ainda alguns pecados
para os atestar
com orquídeas
e iluminadas melodias
saídas de violinos
ou cavaquinhos
conforme a hora ou o dia!
Com as suas palavras
às vezes a noite deixa de ser fria
e até a gata mia
ao soletrar as estrofes
que incendeiam mãos e boca
de loucura navegada!

O PÃO ESCURO DE CENTEIO

MARIA DEL CARMEN CALVIÑO IGLESIAS
in:http://oleoetela.blogspot.com/

O pão escuro de centeio e os desejos de partilhar
fosse o que fosse
nas tardes ensolaradas de Agosto,
quando os dias eram maiores que a vida!
Os cabazes do conhecimento
oferecidos pelos nossos mestres
abraçados por fios que conduzem o destino!
As dádivas de todos os profissionais
que sentados nos umbrais
tecem a casa e a cama
onde havemos de sonhar!

TODOS NÓS CONTAMOS

JOAQUIM DURÃO
in:http://portocomsentido.blogspot.com/


Todos nós contámos
nas contas do colar da vida,
as palavras que apanhámos da boca dos nossos pais
e que nos alimentaram hoje os dias!
Os nós dos dedos dos nossos amigos
que engrossaram para ser um esteio
que nos segura,
ampara ou mima!

TELEVISÃO

MALUDA
in:http://artexmultipla.blogspot.com/


Televisão
É uma caixinha
mágica e divertida
Às vezes é a preto e branco
outras é colorida!
Apaga algumas dores
e faz esquecer outros amores!
Desperta os nossos sentidos
para muitos mundos já vividos
por quem nos conta as histórias
que desfilam no ecrã!
Faz-nos querer deslizar para os fundos
de todos os mares
fechados em corais azuis
com tormentas de algodão
e um chã quente ao pé!
Ás vezes o transporte é um foguetão,
até à Lua até ao Sol
onde nos esperam docinhos de chocolate,
em forminhas redondinhas,
aquecendo o coração!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

SILÊNCIO

YOLANDA CARBAJALES
in:http://pontesluso-galaicas.blogspot.com/


O Silêncio

O silêncio é de ouro,
a palavra é de prata,
mas o que é de mais mata!
Silêncio é nada ouvir,
para ouvir o coração,
ganhar asas e voar!
Levar a alma a dançar,
num fim de tarde,
com uma brisa suave a soprar!
Balançar nuns braços, adoçados
com açúcar colorido,
que nos leva em rodopios,
tão sentidos,
soletrando o verbo amar
sem nunca ser preciso falar!
O silêncio é de ouro,
e a palavra às vezes mata!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

EM SETEMBRO


GUIMA


Em Setembro
era tempo de escola
vestida de frutos coloridos
salpicados das primeiras chuvas
e de gargalhadas divertidas!
Era grande a avidez de ver os amigos
e cheirar os livros libertando os odores
impregnados de tipografia
e também de sabedoria!
Será que a professora Alice trazia o vestido de cambraia
estampado com bolinhas azul celeste
ou a saia travada
com que às vezes tropeçava na estrada?
Eram quentes os abraços da Lindinha,
que nos servia,
água fria
tirada de um púcaro
vermelho gritante
e nos unia no recreio,
com jogos repetidos
em voz de surdina!
Quem diria que teríamos saudades
após umas férias envolventes,
com bolinhos caseiros,
potes de marmelada.
e ainda alguma lambada!
No primeiro dia de aulas
era grande a confusão,
todos queriam ser os primeiros,
aprumados na apresentação
sentia-se que dentro daqueles muros
começava ,quem sabe ,o futuro!

sábado, 3 de outubro de 2009

POEMA COM FRUTOS

VICTOR SILVA BARROS
in:http://victorsilvabarros.blogspot.com/search?updated-max=2009-08-08T11%3A37%3A00-07%3A00&max-results=7

Poema com Frutos
Morango
é o fruto do desejo
entrelaçado em corpos
que se contorcem
abandonados aos beijos!
Cereja vermelha vinho,
rosa-choque,
ou rosa desmaiado,
é um sabor de Maio
para comer à lareira
em noites encantadas!
Maracujá
Molhado em bagas arroxeadas
com sabor de deuses arrepiados
em simbioses de doce e acre
para saborear em suaves madrugadas!
Tangerina
Misturada com gelado de lima,
doce de morango
e pepitas de chocolate
é um sabor de amantes!
Melancia
doce e fria
Quem quer ,quem quer
um fruto de vida?
Ananás
doçura pura
servido em lascas de loucura
em mãos gritando ternura
Framboesa
misturada com maçã camoesa
dá tarte aveludada
estandarte em qualquer mesa!
Romã
é fruto imperial
com bagos que se desfazem
em bocas de muitos fados!
noz
seca e nodosa
com lembranças de Natais
e outras festas que tais!

PORTUGAL

ALBERTO D'ASSUMPÇÃO
in:http://pontesluso-galaicas.blogspot.com/2009/07/alberto-dassumpcao.html


PORTUGAL

Um Minho verde e possante,
molhado em vinho Alvarinho,
sentado à mesa,
em dia festivo,
com travessas de rojões
e papas de sarrabulho!
Embriagado ,em dias de romaria,
com bolinhos de amor ou doce da Teixeira,
empurrados com cálices
de Porto Rubi!
Gosta de esquecer
os dias maus
com muito foguetório
e desfiles de moçoilas coloridas,
nos lenços e outros pertences,
pelas ruas da cidade aquecida,
pela alegria infantil,
e pagã - cristã,
durante o ano esquecida!
O Douro é rude e desperto,
em vinhas que embalam o Mundo,
cerejas de muitos sabores
que misturam com licor
de rum,
para aquecer tertúlias,
vestidas com casacos invernosos!
Acende as súcias com carneiros
assados em cima de alguidares de arroz
muita gargalhada e violinos sonhadores!

É feita com filas de gentes de outras cepas,
sabendo a suor e hortelã,
rindo nem sabem de quê
mas desejando um melhor amanhã!
O Douro Litoral em tempos idos,
terra de Póvoas e impostos reais,
saídos das fainas do mar,
de lendas e outras rendas
trazidas por marinheiros e piratas
que aportavam ao nosso litoral,
deixando lá a sua semente em gente loira
que despertava cedinho,
para a apanha do marisco!
A Estremadura vivia da agricultura,
e dos moinhos de vento,
e de algum espavento,
em paisagens irreais!
O Ribatejo dos toiros e ainda de tantos sonhos,
expressos nas raivas das toiradas!
De campinos atrevidos que miravam
as pernas roliças das moçoilas nos arrozais!
Do Alentejo lembro a planície e a lentidão de um olhar
que sem querer aguardar melhor sorte
parte para outro Norte
que lhe apague a tristeza do olhar!
As Beiras assentam nas oliveiras e nas calmarias
dos dias
infindos das tardes de Verão,
com cereal a ser malhado na eira,
enquanto o suor escorre
e empapa a esteira onde descansa o pão negro,
molhado em azeite e segredos!
O Algarve era outro reino pertencente a rei espanhol,
atacado por mouros.
que os deixava m exangues!
Deixado à sua sorte,
vivia o dia a dia da sorte na pescaria,
pomar e cereal!

SE O MEU AMOR ME QUISESSE

YOLANDA CARBAJALES
in:http://pontesluso-galaicas.blogspot.com/2009/06/pontes-luso-galaicas-obras_1128.html

Se o meu amor me quisesse
montaria um cavalo branco
e brilhante!
Artilhava-se com duas espadas de vento
lutando contra o tempo
e outros obstáculos e oráculos!
Vencia heróis inventados
deitados pelas ruas despidas
e também palavras sofridas,
nascidas de discussões!
Vivia por perdões inventados
aninhados nas almas mortais
que choram nos ombros estafados
vergados pelos fados
e outros fardos que tais!
Dar-lhe –ia lágrimas e rubis
ruibardo e queijo fresco
perfumado de anis!
E à noitinha
adormecia agarrada às suas mãos
para não cair dos sonhos!

QUEM SALVA DAS CRISES OS PAÍSES?


JOSÉ GONZÁLEZ COLLADO


Quem salva das crises os países?
Dizem os políticos que são eles!
Mas não arregaçam as mangas
para fazer argamassa,
não fazem pastéis de leite e mel!
Em que lado em que sítio
se sentam naquele banco ancestral,
a ordenhar nas serranias ,as ovelhas?
Com que enxada, com que arado
amanham aquela terra úbere
tão sedenta de frutos e vinho?
Com que redes com que barcos
se metem nos mares generosos,
a pescar mil peixes diferentes
que nos hão-de alimentar!
Em que fábrica em que máquinas
magoam os nós dos dedos,
a alisar fios,
que também fabricam medos!
Com que computador e em que escritório,
conseguem varrer o desespero
dos sem pão para comer!
Com que trabalho, com que angústia,
conseguem levantar
o país espezinhado?
É o povo em sofrimento
que aproveita os momentos
para tudo reparar!
E não os profissionais da palavra,
que falam, falam, falam,
com palavras para esquecer,
não deslindando os fios enredados,
com que enlearam a nossa vida!

EU QUERIA UM CRISTO

JOSÉ GONZÁLEZ COLLADO
in:http://josegonzalescollado.blogspot.com/

Eu queria um Cristo
que não se abandonasse
à morte na Cruz,
mas que com o madeiro,
varresse todos os vendilhões,
dos novos templos, dos nossos dias!
Que arregimentasse gentes,
pouco prudentes,
que pusessem os administradores a lavar,
o chão das empresas,
que obrigaram a fechar!
Que da esperança tirasse armas,
para combater os silêncios dos políticos,
que não nos ajudam a levantar!
Que só colocasse no poder
alguém que com desvelo,
olhasse por este país!
O fizesse renascer,
em navios que partissem
de novo, guiando este povo,
em glórias e mistérios!
Em naus de pimentas,
muitas plantas e menta,
para outra vez arregimentar,
um país inteiro,
que se encontra, neste momento , a chorar!

ELA USAVA UNAS TRANÇAS

JOSÉ GONZÁLEZ COLLADO
in:http://josegonzalescollado.blogspot.com/

Ela usava umas tranças,
tinha os olhos negros,
e, uns lábios mel!
Em cima de um palco,
era um gigante, um animal,
agarrava a raiva, agarrava a vida,
e despertava em nós,
cadeias de sentimentos,
e alguns momentos,
com fios divinais!
Queria ser cantora,
ser artista de novela,
encantar corações.
Sair nas revistas e ter namorados,
actores de novelas,
desfilando nas passarelas,
e nos nossos sonhos!
Deixou-se ir na onda,
e um dia de manhã,
o quarto ficou vazio, a jarra murchou,
não aguentou tanto charro,
e outras merdas que tais,
ficou numa agonia,
que durou noite e dia,
e hoje jaz branca e fria,
na ausência de todos nós!

O FUNDO DO MAR É UM SÍTIO

MARIA DEL CARMEN CALVIÑO IGLESIAS
in:http://oleoetela.blogspot.com/


O fundo do mar é um sítio
para lá do infinito,
onde navegam os sonhos,
e também alguns segredos,
enterrados em dias negros
que sempre nos vão magoar!
É um refúgio, um silêncio,
um grito, um desatino,
uma voz que ecoa no ouvido
dos que querem escutar!
São mil peixes, mil formas e mil cores,
e ainda mil amores,
enterrados naquele lugar!
Algas e corais,
e outras coisas que tais,
que hoje e ontem,
nos fazem sempre pensar!

A ESPERANÇA SEM TI

VICTOR SILVA BARROS
in:http://victorsilvabarros.blogspot.com/


A esperança sem ti
não presta ,ó Inês!
A vida é menos lenta
quando estás aqui!
O vento sopra de rajada,
sempre que te vê,
para que todos dancem em cima do piano,
enquanto alguém dedilha à guitarra,
aquela canção de sonhar!
O uivo do lobo
é menos perigoso
porque tu povoas todas as florestas,
onde dormem os amores,
de reis e de plebeus
e ainda de alguns judeus,
que fizeram esta terra!
De mansidão se fez o teu coração
mas também de prontidão,
em pegar em armas de vontade,
e, lutar!
Pela vida, pelo futuro,
e, pela construção de algum muro,
que leve a qualquer galáxia,
a todo o planeta escondido,
onde se pretenda achar um cantinho
para adormecer depois da luta!

AS FADAS

MARIA ARCEU
in:http://pontesluso-galaicas.blogspot.com/2009/06/blog-post_08.html


AS FADAS

Povoam as cabeças das meninas
e aparecem nas noites desasadas,
com saias de muitos folhos
e nas mãos uma varinha encantada!
Andam de noite e de dia,
mas à noite, é mais evidente a sua poesia!
Penduradas nas janelas,
todas elas muito belas,
desfiam contos de encantar,
para adormecerem as donzelas
que sonham com príncipes louros
vindos em carroças de ouro,
prometendo tantos tesouros,
enterrados numa misteriosa floresta,
chamada amar!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

LIBERDADE


PEDRO CHARTERS D'AZEVEDO
in:http://laparaooutono.blogspot.com/

LIBERDADE

É o 25 de Abril
e os outros dias a seguir!
São os cravos ,são as rosas
que povoavam os sonhos,
cumpriram os desejos
e os que estavam para vir!
São os soldados a rir,
e espingardas com flores!
E ainda alguns amores
que nasceram ali!
Na madrugada dos gritos,
dos cativos libertados,
do antes nascer que morrer,
eu quero apenas ver:
o fim daquela guerra feia
em que perdi o meu irmão,
o fim de tanta miséria,
sinete do meu país,
o pão de centeio e vinho,
e palavras de incentivo
que já pelo caminho gritavam:
que vale o mundo sem liberdade?