segunda-feira, 1 de novembro de 2010

MOMENTO

JOSEFA GALHANO
in:http://salaodaprimaverade2011.blogspot.com/


 
Neste silêncio de gaivotas feridas,
penso o teu rosto vestido de amoras,
em Verões escaldantes
da nossa infância acostada
a cais de navios ausentes!
Eram longos os estios,
os pés enterravam – se nas veigas,
brotando uma frescura que acalmava
corpos e ancestrais nogueiras!
À tardinha esgotados,
baloiçávamos na vontade de partir!
O ruído das cigarras cantadeiras
ensurdecia os ouvidos,
os campos em delírio,
ofereciam trigo maduro
molhado em compota de maçã!
Tudo ficava retido
em momentos únicos
de serões prolongados
que eram contados e recontados
por todos nós!
Á noite as camas de ferro,
cobertas com liteiros de trapo,
apagavam os cansaços,
tudo ficava calado,
e por fim calmamente, adormecia!