sexta-feira, 15 de novembro de 2013

MÃOS

COLLADO


MÃOS

São mãos
gadanhos no jardim,
capazes de revolver
a terra,
e espalhar doçura
nas açucenas!
Mãos precisas
a cortar os legumes,
preparando a ceia,
mãos aquecendo as tuas
geladas pelo frio do Inverno!
Não são mãos mágicas,
são humanas,
sussubrando ao tentar agarrar
a vida!
Mãos que partilham
um chá, um doce,
companhia!
Mãos que distribuem
em manhãs radiosas
amoras negras
em cestos de orvalho

BANQUETE DO PODER

COLLADO


BANQUETE DO PODER

A mesa está posta,
com  rapidez
tiram a casca às ostras
e cozinham os moluscos
com a acidez da lima!
Limpam o peixe das espinhas
e assam a carne na grelha,
enfeitam o pudim com cerejas,
escaldam as chávenas do café!
Os ossos atiram-nos aos cães
e guardam em  caixas os restos
para ofertar aos coitadinhos!
Lambuzam-se de comida,
sentem a maciez dos hidratos
e a textura crocante das hortícolas!
Ficam aflitos
se pensam que um dia
a fome lhes baterá à porta!
O cigarro,
o wisky,
são os vícios finais
para descontrair!
O melhor
não é para nós,
mas para quem vive
em condomínios fechados,
comprados por dinheiros
ganhos estranhamente
em negócios irregulares!
E haverá sempre muralhas
a proteger essa gente
a afastar-nos de lá!
Tarda o banquete global
para a população  em geral,
galguemos as escadas,
cortemos os cadeados,
tomemos as rédeas da cozinha!