José Gonçalez Collado
FALAR SEM
SER
Só têm língua
viperina
de aço,
quando oposição,
dentro, entram
no sistema,
olham pela sua
vida,
o alheio entrega-se
à sorte.
Desancando
perante a
televisão
é só um som a
sair da boca.
Fonética, guião
de palavras
que não calam
a dor no peito
de quem ficou
sem nada.
Não têm que se
levantar
de madrugada,
contar cada
cêntimo
para o pão de
cada dia,
não gritam, não
fedem,
dormem de vendas
nos olhos,
mandam mensagens
rápidas
com instruções
presas
a seus pares,
Riem sem mostrar
os dentes,
elaboram
discursos
sobre
dicionários abertos,
vendem o país ao
desbarato,
tornam-nos
tristes,
estamos fartos.