sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O FIM

Porfírio Alves Pires
O FIM

Na bandeja comprada
numa loja de canquilharia
barata,
pousa-se uma fatia
de bolo de iogurte,
que seca,
reza-se aflitamente
pela mãe em agonia!
A humidade da chuva,
caindo impiedosamente,
disfarça
os olhos marejados
de lágrimas!
As nuvens negras
pressentem tempestade,
e ensombram a sala!
Limpa-se com frenesim
a cozinha,
tudo brilha,
tudo  é desinfectado
para receber a morte!
O pensamento é maior
que o firmamento,
o que se disse
e não devia,
o que não se disse
e precisava de dizer-se!
Numa fracção de hora
a vida finita
torna-se eternidade!
Trememos  de frio
e colocámos
nas suas mãos
as moedas
devidas ao barqueiro
que a transportará
para o lado de lá!
Não culpámos ninguém
da partida,
partiu e pronto!

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