terça-feira, 3 de dezembro de 2019

ESTADO DE ALMA

Dunieski Garcia

ESTADO DE ALMA

O cão sarnento
late à porta,
a menina de chapéu vermelho
deita-lhe a língua de fora,
um casal de canários
chilreia baixinho
na gaiola azul encriptada,
olhando a tempestade
no fundo do horizonte
encardido.
Os corpos dos transeuntes
escurecem a calçada,
presos à alma
são uma ventania
soprando nas brasas mortiças
do carvão assando castanhas.
O café quente queima as chávenas
e limpa todas os restos
de soluços presos na laringe,
içam-se as bandeiras nos mastros
abandonados,
das ruas que são as mesmas
pejadas de estranhas línguas.

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