terça-feira, 21 de maio de 2019

CIDADE

Jose Gonsalez Collado
CIDADE

O vento já não sopra,
o cinzento da cidade
dissipa-se,
correm os passos na viela,
cheira a gasolina.
O barco apita
na agitação do rio.
A vizinha antiga
pendurada na varanda
manda farpas
a acirrar a moçoila
mais nova e linda que ela.
O homem do talho
leva no ombro
uma carcaça de cordeiro,
arrasta as botas
no gasto paralelo.
Os gatos ariscos
arriscam o petisco
dependurado na mesa
do turista.
Um senhor de bigodes
retorcidos,
alheio a tudo,
dorme a soneca
encostado a um muro.
A namorada aflita
chora baixinho
o amor que terminou
entre o prato de tremoços
e a cerveja fresca.
Toda a gente estonteada
com quem nos visita,
dedos em riste
a traçar o itinerário.
E o nosso amanhã?
teremos amanhã nesta velha
Europa gasta?

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