terça-feira, 5 de abril de 2016

PAISAGEM NOCTURNA

Collado

PAISAGEM NOCTURNA

Noite, luar,
ralas, pirilampos,
sapos, morcegos,
circundando o jardim
ensombrado,
a dormir.
O silêncio é pesado
atravessado apenas
pelo coaxar das rãs no lago.
A gata da vizinha
recentemente parida
transporta na boca
as suas crias.
Deposita-as no cesto da lenha
junto ao forno
onde de quando em vez
asso um cabrito.
A casa fica num baixio,
de noite o céu e as estrelas
são a única paisagem
que entra pela minha janela
entreaberta.
O mar dista meia dúzia de quilómetros
a nascente,
chega  aqui o cheiro a maresia,
a barcos parados
que nunca chegaram a partir,
a velhos marinheiros
fumando cachimbos esquecidos
no baú das recordações.
Tu que não chegas,
a chave que não roda
na porta da entrada,
que frio,

deixa-me ir dormir.

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