quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

PORTO



 Júlio Capela
PORTO  

Cidade de traços riscados
por passadas de muitas gentes
airadas.
Fotografada, percorrida,
massificada, reinventada,
despersonalizada, suja
Calada ao anoitecer
num manto de neblina,
densa,
cobrindo as velas içadas
dos rabelos do Douro.
Terna, fechada,
gritando ao alvorecer
pregões
ferindo os ouvidos,
enraizados nas veredas.
Os muros em ruínas,
as arcadas, as ruelas estreitas,
o sol raro entre as casas
densas.
O rio ao fundo,
o mar à direita,
as ladainhas dos monges

rezando pelas trindades.

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