terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

DESEJOS

Carlos Antunes

DESEJOS  

Era uma vez
uma janela verde
ligeiramente aberta.
Deixa-me entrar,
há quanto tempo
digo
ao cérebro estonteado
amo-te.
Não sabes ainda,
hei-de ser o amor
da tua vida.
Não páro de olhar-te
quando sais da loja,
umbigo à mostra,
mostrando a todos
como o teu corpo é belo.
Dança o teu olhar
selvagem, firme,
distribuindo doces
ao pisar o asfalto.
Passar na gelataria,
olhar enviesado,
trocámos os olhares,
nada existe mais na rua.
Por hoje fica assim,
levo a força, a vontade,
continuando amanhã,
depois, depois, depois,

a conquistar-te.

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