José González Collado
COR DE AMORA
O que eu sofri
por aquele vestido
cor de amora!
Vi o tecido
na montra
da única loja da aldeia,
cobicei-o,
namorei-o,
roguei à minha mãe
que mo oferecesse!
Chorei
perante a iminência
de o não ter!
Em redor de mim
a explosão
da negação,
acendia!
Mãe eu queria tanto
um vestido cor de amora,
uns sapatos malva a
condizer!
No baile anual
da colectividade
musical,
serei um arraso
voltando
o vestido cor de amora!
Perante um não rotundo
da mãe enervada,
a avó tirou o varaço
do seu saco gasto!
Um punhado de moedas
saltou
para a minha mão,
comprou um sonho
maior que o Natal!
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