quarta-feira, 28 de março de 2018

OUTONO


José Gonzaléz Collado
OUTONO

Cheira a castanhas,
a fumo
por entre os pingos de chuva
que se abatem na cidade.
A água lava as ruas
num caudal descontrolado.
No jardim da Cordoaria
rodopiam folhas multicores
de tons terra,
caem a toda a hora
deixando as árvores solitárias.
Um cachecol colorido
agasalha a menina loira
que desce os Clérigos
em passo apressado.
Cheira a terra molhada,
a coração a bater,
a marmelos descascados,
a memórias de fumeiro,
a pão negro de centeio,
a lareiras acendidas,
a rezas no fim do dia.

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