terça-feira, 26 de setembro de 2017

DIZER POESIA

Collado

DIZER POESIA

Reunidos à volta da mesa
cada um com o seu poema,
esperam a vez com paciência
de falar de amores perdidos
ou achados,
da floresta rebentando abundância,
das árvores prenhes de fruta,
da sonolência que é ouvir políticos
repetindo até à exaustão
os mesmos clichés estafados,
das tardes quentes
em que só as cartas
desmanchavam a paisagem vazia.
Das brigas entre gente comum,
da vida que se perdeu
em excursões ao Bom Jesus de Braga.
De quartos de motéis sem cunho,
de papel de parede desbotado,
do pôr do sol
com um copo de vinho

esquecido tudo ao redor.

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