terça-feira, 28 de março de 2017

RELEMBRANDO



 António-Lino
RELEMBRANDO  

Passa a vida tão depressa
no ponteiro do relógio,
levanta, acorda,
lava a cara qual sonâmbulo,
apanha o metro,
toma café e um croissant
num boteco junto ao escritório,
pega pasta, arquiva pasta,
cataloga mil papéis,
a luz do dia esvai-se
por entre os estores entreabertos,
que vontade de voar
na asa branca da última gaivota,
poisar numa ilha deserta,
escrever poemas,
o dia escorrendo
entre os dedos e a caneta,
Que fazer, que dizer,
não há relógio de pulso,
sacode-se a areia,
é uma emoção o pôr do sol,
adormecer ao som doce
das ondas calmas

abraçando a praia.

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