quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

UMA ALDEIA NO SÉCULO XX


José Gonzalez Collado
UMA ALDEIA NO SÉCULO XX  

A aldeia era bordada de pinhais
perto de uma grande cidade
empregadora dos jovens
em idade laboral.
Entre a cidade e a aldeia
havia um muro a reparar,
falta de escolaridade,
a igreja a travar
qualquer rasgo de liberdade.
A mente fechada do país
vergava a cabeça a vizinhos,
parentes e autoridades locais.
A missa era obrigatória
e o confesso
pelo menos na semana pascal.
As velhas sobretudo as encalhadas,
as urdideiras da sacristia
escarafunchavam as vidas,
entendiam-se nos adros
antes do oficio sagrado.
Tudo saía nos conformes,
o pedido de namoro,
diante do sisudo pai da moça
em idade para tal.
Namoro era em dia marcado
sentados ao lado da mãe
travando algum excesso
do rapaz atrevidote
Até que um dia, o moço cansado
de tanta esperar uma intimidade
com a noiva,
lá casava.
Vinha  o tio do Brasil
e a prima concierge em França
o padrinho tasqueiro
num bairro junto da Sé,
sobranceiro ao rio.
Ia-se a pé para a igreja
despejando confetis no chão
que a pequenada apanhava
guerreando-se entre eles.
A partir daí a noiva era toda do noivo
até que a morte a libertasse.

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