quinta-feira, 19 de maio de 2016

ESCUTAR

Collado

ESCUTAR  

Escuta-se a linguagem do fim do dia,
os corpos cansados de regresso a casa,
o mês vai a meio, conta-se o dinheiro,
é comprar o frango assado,
o pão, ambos em promoção.
A televisão ligada, é só companhia,
passam palavras insignificantes,
meias verdades, meias mentiras.
Os olhos são vazados
pelo poder
quando vêem mais além.
Vende-se, compra-se propriedades,
destinos,
em cartórios cozidos em vil metal.
À porta de cada mansão
há um usurário
abrindo a boca à presa fácil
engolindo como a cobra,
num ápice, a vida alheia,
sem remorsos nem comiseração.

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