sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

OLHAR

Collado
OLHAR  

Olhei-te ao acordar,
não és tu,
alguém que surgiu do nada
iluminando o espelho
da mansarda!
Abro a gaveta da cómoda
tão ordenada, tão arrumada,
um relógio Ómega, antigo,
cheio de patine,
colo-o  no teu pulso,
vejo as horas:
nove e dez,
tardio é o amanhecer!
Tomo o pequeno almoço
contigo,
o teu  palato é o meu palato,
o café negro na tigela,
o pão barrado com manteiga
e uma rosa amarela,
esquecida,
na jarra de cristal!
Há o tempo, o repasto
e tu somente!
Olhos brilhantes
comandando tudo,
o mundo,
a minha voz,
quebrando os aluquetes
de prisões insustentáveis!

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