quarta-feira, 12 de julho de 2017

DIA DE VERÃO

Collado

DIA DE VERÃO  

O sol queima, lambe os braços,
a cara, o nariz, um chapéu largo
afugenta o calor dos raios, debaixo
das árvores espera-se a merenda
que tarda.
Do armário da cozinha a avó retira
os cestos de palha, embrulha o pão
de mistura, a compota de laranja,
o mel de urze, o queijo fresco,
os figos pingo de mel, a limonada fresca,
sacia  a fome, a sede dos seus meninos
dependendo dela.
Faz o que fizeram as mulheres desde sempre,
dá o pão, o apoio, as mãos.
Os deuses estão por ali invejando a avó,
espreitando a medo a vida a espalhar-se
na mesa,
o equinócio quente, a ternura que derreta,

o porto a que chegámos, a falta de vontade de partir.

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