terça-feira, 20 de novembro de 2018

UMA CIDADE NOVA

Chucho
UMA CIDADE NOVA 

O ruído é intenso
entre a demolição
e o estertor da caliça
caindo ao chão.
Cai o detalhe
do balaústre feito à mão,
das sancas trabalhadas,
dos florões nos tetos altos,
do soalho em castanho
de tábuas largas,
das claraboias
pássaros bailando
nos telhados musgosos.
Ficam as fachadas
tudo o resto é novo.
Por dentro pladur,
soalhos flutuantes,
janelas em PVC
e outras estruturas
sem personalidade.
Estranho
a destruição de portas
embandeiras
de vidros coloridos
qual catedral inundada
de luz e espiritualidade,
rebordos em granito
denso e cinza.
Entradas com azulejos árabes,
lampiões de ferro forjado.
Dentro das casas renovadas
é tudo branco, assético,
impessoal
como os quartos de um hospital.

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