quinta-feira, 16 de junho de 2016

UM DIA IGUAL AOS OUTROS

Collado

UM DIA IGUAL AOS OUTROS  

Sete horas, toca o despertador.
Levanto-me, vou à cozinha,
faço de imediato um café,
acordo, tomo banho,
visto-me, calço-me.
Preparo um sumo de laranja,
uma torrada de pão saloio,
uma fatia de queijo fresco.
Sento-me no sofá,
ligo a televisão,
ouço o primeiro noticiário.
Não morri,
planeio o dia.
Dou um jeito à casa
antes que a venha limpar a Susana
É hora de escrever,
o caderno sempre à mão,
pede:
mais um poema.
Há uma vida inteira,
um mundo imenso,
um inferno intenso
para escrutinar
Hoje cabe-me falar
sem muito pensar,
de mãos comovidas
em hora de despedida.
De tarde vou para a horta,
tempo ainda de semear abóboras,
alfaces, cenouras, feijão, melão.
Plantar beterraba, brócolos
e pimentos.
Chega ao fim a jornada
estou mais limpa,
as pessoas sorriem para mim.
Não temo o cansaço,
o bafo das bruxas
sobrevoando o jardim.

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