terça-feira, 7 de julho de 2015

PÉROLAS A PORCOS


Van Gogh

PÉROLAS A PORCOS  

Ofereci-te
sem razão aparente 
um coração de filigrana,
comprado
numa ourivesaria
improvisada,
plantada numa cave
da parte velha da cidade.
Demorei uma semana
a namorá-lo,
meio ano a poupar
para to comprar.
Em ânsias
só queria vê-lo
pendurado  no teu pescoço
de gazela.
Combinamos uma saída,
supostamente alegre,
disseste que a jóia
era grande,
dava nas vistas.
Tens razão
o tamanho do meu amor
não cabe
no teu pequeno peito.
O mundo que inventei
é só meu
as cores
que lhe deste

não existem.

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