quinta-feira, 30 de julho de 2015

FRANCISCA

Modigliani

FRANCISCA  

Um domingo chato,
na televisão um sapateado,
repetitivo,
antigo,
os pássaros comem
as sementes das cenouras
no quintal,
o meu trabalho de sábado,
por água abaixo.
Com uma fisga matá-los-ia,
se a tivesse,
e se a coragem não me faltasse.
Vou até a horta,
avariou-se-me a bomba
elevatória da água do poço
 o tanque está vazio.
tu não te aproximas de mim.
Tenho na carteira
as fotos
do último verão,
ainda não as vistes Francisca.
Dá-me o direito
de ter novamente voz
sem me arrastar nas saudades
de um tempo
que ainda não se viveu.

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