Acredito nela
como acredito em
mim.
Numa tarde
auspiciosa,
embrulhada em
Primavera,
levei um
ramalhete de orquídeas,
um frasco de
compota
de mirtilos
para celebrarmos
o dia.
Deve ter razão a
Ana
enchendo a mesa
de ferro forjado
com bules de chá
de menta
e caixinhas de
doces de mel
e gengibre,
para dar brilho
à coisa
um cesto de
cerejas do Fundão.
Esperámos os
dois,
sentados
displicentemente,
bebericando o
chá,
trincando os
bolinhos,
falando com
saudade
dos ninhos,
só espreitados,
nas árvores gigantes
do pomar.
Que entre alguém:
um duende,
um ser de luz,
uma fada,
aprovando os
nossos gestos
agendados,
novos deuses,
amoras douradas,
acrescentando
brilho
a um lanche burguês,
numa casa velha,
numa quinta
improdutiva
herdada pela Ana.
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