Collado
NOITE NA CIDADE
A noite estende-se
sobre a cidade,
nos dedos das raparigas
brilham as pedras postiças,
os cabelos encrespados em gel,
os saltos altos,
deus meu como são altos,
dão o tom de marcha na calçada.
As portas nocturnas abrem-se,
o álcool solta-se,
a música berra,
os corpos ondulam,
seduzem,
ainda acabam
onde é preciso continuar
a noite começada.
Sente-se o cheiro a suor,
a boca seca,
a nostalgia do fado
ressoa nas vielas,
as histórias perdem-se
por falta de memória.
Conheço bem as arcadas,
as ruelas, os rios desviados,
os cheiros, o linguajar,
as vozes gritadas,
os jardins nefastos,
os cafés tertúlias fechados.
Ó velha, sempre jovem cidade
renascendo das cinzas
brilhando mesmo na noite
de uma Primavera adiada.
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