sexta-feira, 27 de maio de 2016

PORTO CIDADE DE PARTIDAS

Collado

PORTO CIDADE DE PARTIDAS

Viver este instante
sem peso
sem estrutura física
levitando
entre a cidade e o mar.
Sentir a brisa do rio
como a sentiram
os cavaleiros de Cristo
que daqui partiram
para Ceuta.
Sentir a labuta
continuada, ritmada,
o cheiro intenso a café,
a luta, a reconstrução.
Das terras de além mar
que foram nossas
ouvir o apelo repetido,
visceral, da partida.
Ir e ficar
mandar notícias das lonjuras,
chorar na hora de chegada,
abafar a saudade fria.
Ciclicamente partimos,
triturados por decisões erradas,
somos empurrados,
suportámos o destino
cantando nas vielas o fado.

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