A velha gorda na
esquina
da rua de Passos
Manuel
vende pentes, alfinetes,
collans e
cuequinhas,
a loura postiça
desbragada
na rua de Santa
Catarina
vende meias
para homem e
criança.
Em dia de
futebol,
estrangeiros
contra o Dragão
corre tudo ao
palavrão.
Os ciganos de
saquinho na mão
oferecem óculos
contrafeitos
a jovens
namorados.
Os pedintes, ah
esses abandonados
enxameiam a
cidade
fazendo das
entradas
de lojas
abandonadas
as suas
mansardas,
cheirando a
álcool e a exclusão.
A velhinha
lavradeira
entre Sá da
Bandeira
e Fernando Tomás
apregoa com voz
débil
molhinhos de
salsa e hortelã.
De manhã cedinho,
no largo dos
Lóios,
uma vareira à
moda antiga,
de canastra
erguida,
anuncia peixe
vivinho da costa.
Até quando
durarão
estes bilhetes
postais
de uma cidade
antiga,
querendo ser
moderna
e ainda tão
saloia.
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