terça-feira, 29 de setembro de 2015

SAUDADES


Marcos Andruchack
SAUDADES  

Tenho saudades
de quando éramos namorados,
nada era ridículo,
nem os beijos apaixonados
nos velhos jardins da cidade,
o dinheiro contado
para o café e bolo,
o passeio dos tristes
até à Foz
começando ao lado do rio,
ora de eléctrico, ora a pé
consoante as posses,
as cartas extensas,
autênticos estados de alma.
Não havia telemóvel,
internet,
era preciso saber escrever.
Meninos e adultos 
simultaneamente confusos
vendo o sol caindo devagar
no extenso mar à nossa frente.
O frio não enregelava,
as flores não se ofereciam

estavam dentro de nós.

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