Os dois vizinhos,
cada dia,
pelo fim da
tardinha,
juntavam-se na
Adega do Olho.
Bebiam neguinhos
saciando a sua
ancestral sede,
comiam
pataniscas salgadas
que pediam mais
copinhos.
Pegavam no
tabuleiro de damas,
meticulosamente,
tentando sabiamemte
comer a pedra do
parceiro.
Lá fora brigavam
os bêbados,
os rufias distribuíam
sopapos,
os
vendedores esganiçados
discavam os
palavrões usuais.
Nada distraia os
vizinhos
a não ser a
discussão
sobre o seu
clube do coração,
o seu glorioso
Porto.
Para eles, tudo
isto,
são blocos de
tijolo
colocados no
grande jogo da vida.
Chegando a casa
riscavam do
calendário
mais um dia
passado
numa rotina
ritualizada.
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