Tu lês o poema
em voz alta
“como se desenha
uma casa”
de Manuel
António Pina,
sentindo cada
palavra.
Conforme a
entoação
abro o portão da
casa,
a horta, o pomar
prenhe,
o cão rafeiro
mordendo-me o
dedo do pé,
o lampião de
lata,
a iluminação
velada do jardim.
As fotos
espalhadas na arca
do hall de
entrada,
os amores
passados
estampados no
vinil
enfileirado na
estante
desenhada a
régua e esquadro.
Os planos
adiados
por falta de
dinheiro
ou de oportunidade.
As ruínas que
ficaram,
as frases não
escritas,
as defesas
rechaçadas,
a história
espalhada nas paredes
verdes de
verdete,
o medo do futuro.
Embalada pela
récita,
repetia
entusiasmada cada frase
do poema
aconchegando-me
na casa
construída pelo
poeta.
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