domingo, 18 de outubro de 2009

AS GAIVOTAS DO DOURO


MARIA XESUS DIAZ



Comem da água conspurcada
e adoecem sem saber!
São desleixados os homens
que só dão algumas sobras
quando não servem para nada!
Ao fim da tarde cansadas
vêm em bandos pousar
nas janelas das mansardas,
das velhas casas do Porto!
Piam pios aflitos
e dez dolorosos gritos
pedindo socorros roucos,
que acordem os poderes
deste país adiado!
Quem limpa o rio Douro magoado,
colar cinza da cidade?
Quem reabilita o casario
que chora abandonado?
Quem quer amar esta cidade
outrora suada
entrelaçada de braços
e hoje vazia?
Ai gaivotas ribeirinhas quem vos salva?
Quem nos Ama?
Quem nos oferece uma taça de rabanadas
molhadas em mel?

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