Silvana Violante
QUOTIDIANO
Digo adeus à vizinha,
na névoa amanhecida
desço as escadas a correr
e volto ao dia a dia.
O escritório bafiento
atafulhado em papelada,
o chefe birrento,
as calças sem vinco,
o blaser démodé.
Cercam as paredes frias
nada de risotas, de paródias,
desfiam-se as histórias
de vidas mal resolvidas.
Um passante vindo não sei de onde
sorri e olha-me longamente
como se me conhecesse,
às oito em ponto.
Ouçam os meus pensamentos
enleados em moinhos de vento,
fujam os olhos cansados
pousando em campos de trigo.
Sem comentários:
Enviar um comentário