Giga Coelho
25 DE ABRIL
Tempo cinza,
uma névoa varria a terra,
as gentes,
na escola, por detrás da secretária:
o crucifixo, Salazar e Tomás,
a professora pequenina
de saia comprida,
trança amarrada no coruto,
ensinava à reguada,
cada erro uma palmada,
a igreja fazia parte
dos caminhos da subjugação.
Tanto tempo, tanta espera
da bendita liberdade.
Nos grandes cafés da cidade:
Rialto, Astória, Paladium
sussurrava a oposicão,
a Pide disfarçada
esperava a ocasião
de tortura e deportação.
Mas um dia,
o peito encheu-se de gritos,
as algemas cairam na calçada,
dançou-se nas praças e avenidas,
juntou-se o povo comovido
festejando o 25 de Abril,
arredando o fascismo das suas vidas.
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