Pausa em tarde
seca.
Os olhos fecham-se,
esticam-se as
pernas ao sol,
esquisitice
deste Outono.
Presente um burburinho
continuo,
irritante.
Os sem abrigo
negros
estabeleceram-se
nos Poveiros,
bebem de pacote
uma zurrapa
tinta
ouvindo em altos
gritos
as últimas
músicas
do top angolano
em rádio gigante.
E falam, falam
ao telemóvel
num linguajar
de sotaque
balançado.
Eu, no meu
íntimo silêncio,
penso, quero,
o barulho dissipado,
à margem de tudo
que nasça mais
um poema.
Com café dentro,
páginas de jornal lido,
a disfunção
entre dois mundos:
os que têm cama
quente
e os que dormem
ao relento.
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