terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

SAUDADES


António Sampaio

SAUDADES  

Não te vejo
sentada nessa cadeira
esquecida no jardim.
Tenho saudades
das sestas dormidas
no decadente cadeirão,
lado a lado
esquecendo tudo
o que está por detrás do muro.
Era bom o equilíbrio,
a natureza esplendorosa
rompendo a terra
escura, húmida.
Estranho não te ver,
ainda ontem, juro,
estavas lá,
esperando o chá
com rodela de limão.
Vida, multiplicação de factos,
sérios, adultos, responsáveis,
com consequências.
O resto, particularidades,
o descanso relaxado,
a dureza da existência

passando ao lado.

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