sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

LÍNGUA PÁTRIA

José Gonzalez Collado

LÍNGUA PÁTRIA  

A minha língua, dizem que bizarra,
complexa, com palavras sem tradução,
é diferente de outras línguas mátrias,
é única por ser de tantos,
por ser minha também.
Amacia, retalha, apazigua
a vontade de migrar.
Paga pouco, é comedida
travando o avançar.
É dura, rude, arcaica,
com esgares na hora de abraçar.
É picuinhas, invejosa,
gulosa até onde o olhar alcança.
Pinga amor, amaciada
às famílias universais.
Silenciosa, nostálgica,
chora com as perdas dolorosas.
É doce, elogiosa,
sempre que uma moça jeitosa,
lhe passa à frente.
Difícil de manipular,
muito comunicativa
feita de pinheiros à beira mar,
de barcos zarpando  rumo a Norte,

rumo à  Estrela Polar.

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