sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

UM DIA MAIS DE OUTONO


José Gonzalez Collado
UM DIA MAIS DE OUTONO

No canto do jardim
um apinhado de folhas rubras,
o vento já sem força
não as levou.
São tapetes fofos embalando
pensamentos vãos.
Parte do todo,
a liquidez sobrante
passada a clareza
do último Verão.
Setembro foi o mês das vindimas
na ramada densa
sobre o quinteiro
da minha avó.
Os adultos armados
com tesouras de poda
rasgavam o cangaço,
sujavam as mão.
A pequenada desajeitada
a elas estava destinada
apanhar os bagos do chão.
Os ventos vão soprando
anunciando chuva,
que seja pouca
para não estragar a colheita.
No fim da apanha
celebrando a faina
dança-se, canta-se,
come-se, bebe-se
sem qualquer moderação.
Pela noitinha
o cansaço dos corpos anuncia
o fim desta labuta calendarizada.
desde o ano que findou.
Aguarda-se o Novembro
para abrir a bica,
provar o verdasco,

comer as primeiras castanhas.

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