Estou aqui na minha casa,
a casa sou eu, branca e lúcida,
com espelhos onde me vejo,
vejo outros mais além.
As roupas, os sapatos,
as malas e outros aparatos,
no guarda fatos aberto.
Aqui me interrogo
sobre o céu, as fontes,
os dias sombrios, os
iluminados.
O sol nasce, põe-se
nos mesmos pontos cardeais,
é sempre bom lembrar
o começo e o findar
da vida, dos sonhos.
As janelas são largas
emolduram a paisagem,
o verde dos campos,
o voo dos pássaros.
O verão que teima em chegar,
o teu regresso duvidoso,
a mina que rega a horta,
as minhas mãos cruzadas
antes que a caneta me tome
e saia um poema inocente
com lágrimas, gargalhadas,
amor, desamor,
vento a tropeçar nas palavras.
Sem comentários:
Enviar um comentário