Irene Gomes
SEMANA DE CHUVAEra o vento agreste
soprando na tarde sentada.
O mundo deserto
espreitando de soslaio
as ruas molhadas.
As gaivotas fora de si
voando baixo
em redor das mesas
sem migalhas.
Era a tranquilidade
de um dia de chuva
com muitos apara águas
descendo as calçadas.
A viúva Zézinha
vestida a capa
há muito guardada
saía à rua,
faltava-lhe o leite
e a carcaça tostada.
Um pequeno almoço trivial
e o gato esperavam-na.
Era a casa gritada
com fantasmas pendurados,
o medo da noite,
o soalho gastado.
O coração ansioso,
o cavaleiro inventado
tardando a chegada.
A sombra do Outono
em sobretudo enrolada
trazendo as castanhas,
a água pé aguardadas.
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