José Gonzaléz Collado
TEIMOSIA
Teimar olhar o céu,
querer comprar a lua.
Teimar correr até à paragem,
ter como oferta o bilhete.
Teimar participar
em manifestações anti-sistema,
insultar o polícia que as trava.
Desejar o centenário da minha mãe
Sabê-la morta.
Maquilhar-me
frente ao espelho que emagrece,
achar o vulto projectado
em boa forma.
Teimar em querer ver desfocadamente
a violência, o sangue, na Síria,
ouvir violinos tocando Vivaldi.
Tapar a voz da vizinha
que se expõe à janela,
o gato é que se espanta
e a arranha.
Ouvir anedotas não recomendadas
gozá-las sem achar piada.
Beber copos de água
sonhando com champanhe
e com um mundo fora da realidade.
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