José Gonzalez Collado
CAPELA DO LUGAR
A porta de madeira maciça,
entreaberta,
da capela saía uma fumaça,
vestígios de incenso
dos cultos de Maio.
A Senhora das Neves
rechonchuda, de azul vestida,
sorria,
elevando nas mãos
dois cachos de uvas maduras.
Um bêbado de bagaceira
bebida à boca do alambique
entra de rompante
e cai no banco de madeira.
Os anjinhos olharam
a cena inusitada,
ser a casa de um sem abrigo.
O frio lá fora gelava,
a capela era a janela
donde se via a aldeia
pintada de geada,
o rio preguiçoso, dolente,
sem pressas a caminho
de cair no Douro.
A menina ensonada
e que nada incomodava,
deitou-se na outra ponta do banco,
apagou-se não vendo mais nada.
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