Collado
ROTINAS Às onze da noite
calam-se os vizinhos,
deixa de se ouvir
o arrastar de cadeiras,
as discussões sem sentido,
as horas a bater
num relógio antigo.
Aqueço café com leite,
como todos os dias
passo de canal para canal
à espera de alguma coisa
descolando as pestanas,
abrindo de espanto o olhar.
O aparador de castanho novo,
assiste imóvel,
ao frenesim da procura.
Não encontro o pijama,
a beberagem está fria,
o carro do lixo
começa a apitar.
Fala-se de futebol
em todas as estações
televisivas,
é sempre tempo de tudo desafinar.
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