No fundo da
caixa negra
sob a janela
da pequena sala,
havia um mundo
de fantasia,
e, por magia ou
imaginação
de lá nasciam
todos os sonhos
do mundo.
Nas longas
tardes de estio
de sol
abrasador,
servia aquela
sala de refúgio
de caça ao
tesouro escondido.
Eram moedas
do tempo dos
reis,
socas de tacão
enfeitadas de
flores e corações,
saias bordadas a
vidrilhos,
corpetes
apertados
com fios a ilhós.
Garrafas de
vinho do Porto
perdidas em
tempos idos
e um monte de
cartas de amor
embrulhadas em
papel pardo.
Nunca percebi a
qual das tias-bisavós
pertenciam: se à
Rosa se à Ludobina.
Aquelas senhoras
de rugas vincadas,
sorriso baço,
solteironas sem
escolha,
também amaram,
também
sofreram de amor.
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