terça-feira, 8 de maio de 2018

UM AVÔ PESCADOR


Collado
UM AVÔ PESCADOR 

Um avó pescador
não estava no ADN da família,
carnes duras,
marcas fundas 
desenhadas pela maresia,
olhos cor das redes
lançadas na escuridão.
Preferia a família para a filha
a rudeza da terra fértil,
o sabor a milho e a girassol,
poucas horas dormidas
pelas regas do cortinhal.
A rapariga lutava
entre a liberdade do horizonte
e a certeza de pão à mesa.
Plantou-se no seu peito
as histórias de neblina, gaivotas,
sereias, monstros agarrados
aos barcos.
Num silêncio salgado
deixou o pai magoado
e escolheu o mar.

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