Collado
UM AVÔ PESCADOR Um avó pescador
não estava no ADN da família,
carnes duras,
marcas fundas
desenhadas pela maresia,
olhos cor das redes
lançadas na escuridão.
Preferia a família para a filha
a rudeza da terra fértil,
o sabor a milho e a girassol,
poucas horas dormidas
pelas regas do cortinhal.
A rapariga lutava
entre a liberdade do horizonte
e a certeza de pão à mesa.
Plantou-se no seu peito
as histórias de neblina, gaivotas,
sereias, monstros agarrados
aos barcos.
Num silêncio salgado
deixou o pai magoado
e escolheu o mar.
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