quarta-feira, 2 de maio de 2018

A AVÓ OLINDA


José Gonzaléz Collado
A AVÓ OLINDA 

A avó Olinda
mãe do meu pai,
era tão beata, tão beata,
daquelas de terço contado,
diariamente, pós jantar,
preces ao deitar,
missa ao domingo,
em dias santos
e santificados,
e confessos semanais.
O oratório da sala
com Cristo martirizado
ao colo de sua mãe
dolorosa,
assustava-me,
à noite tinha medo
de o olhar.
Assistiu ao baptizado
de todos os netos e bisnetos,
conforme a prática cristã.
Total o seu amor
ao Catolicismo,
sofrida ajoelhava
esquecendo as dores da vida.
Os dedos angulosos
Esticavam-se
tirando do fundo do medo
os deuses por si criados.
Vergada ao peso da alma
só se levantava
confessados todos os pecados,
perdoadas todas as leviandades.
Se fosse viva gelaria
ao ver os poucos frutos
da sua educação cristã.

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