quarta-feira, 28 de março de 2018

PEDREIRO



José Gonzaléz Collado
PEDREIRO  

Manhã cedo,
um frio de rachar,
lancheira na mão,
passo apressado.
Um gorro tapando
as orelhas,
um assobio
para acompanhar
o ritmo da passada.
O dia inteiro
a partir pedra
amontoada no muro
de uma propriedade
fechada .
A camisa de flanela
suada,
a boca seca, presa,
uma fome visceral
de arroz com feijão,
a cerveja a rasgar
a sede.
Um cansaço
do tamanho do mundo,
 o sol a apagar-se,
um banho quente
lavando a sujidade
pegada à pele.
Um cadeirão velho,
uma sesta rápida,
o descanso merecido
de um britador,
que por amor à arte
ainda não desistiu.

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