Ardeu tudo,
o fogão,
o cadeirão
herdado,
o gato Pitusca
de pelo
emaranhado,
o cobertor pardo
comprado na
feira da vila,
As roupas, os
sapatos,
as fotografias
ilustrativas
das festas, das
viagena,
das etapas mais
significativas
das suas vidas.
As compotas,
o leite das
cabras
ordenhado de
manhãzinha,
os livros da
primária
guardados como
troféu.
O terço, o
relicário
ofertado pela
avó.
As galinhas, os
ovos frescos,
o pão cheirando
a forno centenário.
Os bombeiros não
chegaram,
o INEM não
apareceu,
a GNR passou ao
lado,
neste abandono
conjugado
a alma morreu
também.
O corpo ficou,
o vazio em cada
mão,
rodando o saco
negro
oferecido pela
caridade
queimando mais
uma vez
ao limpar sem
pejo
as grandes
falhas do Estado.
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