Collado
NATUREZA MORTA
Brilham
os teus olhos azuis,
fundindo-se no regato,
pacato,
serpenteando mansamente
a nossa aldeia.
Os gomos de tangerina
num xarope de açúcar e canela
enfeitam o prato
esperando a boca,
seu destino.
A geleia vermelha de marmelo
desliza no pão de mistura,
saciando-nos na merenda
merecida
preparada pela avó Maria.
Uma luzinha no telhado,
é o quarto na mansarda,
onde tenho a minha cama.
Observatório improvisado
das noites estreladas
passando tu na estrada
balançando no vestido
de papoilas coloridas.
Cantigas desfiadas
em vagas
de saudade e ousadia.
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