terça-feira, 9 de junho de 2015

CASA

Collado

CASA  

A casa plantou-se
junto
de um espelho de água,
aberta às árvores,
aos pássaros,
a todos que a querem.
Ao fim da tarde,
sentada na mesa grande,
tudo embriaga.
A caneta gasta
que escreveu toda a semana,
poesia agitada,
o odor das flores de laranjeira,
o verde das maçãs,
o despertar do Verão.
O sol bate, agressivo,
queima a pele,
enche a alma.
Sorvo a doçura
do silêncio que se pôs
e a paz descida numa asa
de cristal.
Há um rumor de mar,
a envolvência de uma tarte
de chocolate e framboesas,
vermelhas como sangue.
Trincá-la devagar,
a boca confundindo-se
com desejo,
o peito aberto ao dia,

existo certamente.

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