Collado
NA MINHA INFÂNCIA
Na minha infância
passada numa aldeia rural,
as velhas sentadas à lareira
aqueciam-se do frio,
esqueciam-se da violência
do marido,
contavam histórias medonhas
de cavalos sem cabeça,
lobisomens
levando com eles
em dias de lua cheia,
meninas solteiras,
luzes voando do cemitério
para assustar
moradas abertas!
Eu tremia de medo,
persignava-me,
rezava um Padre Nosso
e uma Avé Maria
como me ensinara
a avó Olinda,
afastando por ora o mafarrico!
Os olhos das velhas eram tristes
como a sua vida
a criar filhos,
e, a apanhar porrada de criar bicho!
Com a fome por companhia,
era na igreja,
no padre de voz rouca
e sábia
que tinham algum refrigério,
mesmo sem perceber
o que ele dizia,
lavavam a alma!
Algumas suicidavam-se,
mas disso
nunca se falava!
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